Aquele "tracinho" entre as datas (que vemos nas lápides....) se não nos assusta, devia fazê-lo. Porque só conhecemos a 1ª parte. E porque quando a 2ª chega é sempre como os tornados: há avisos, mas nunca sabemos a intensidade real.
Ontem levei um enorme murro no estômago ao final do dia. A minha filha vinha muito impressionada porque um miúdo do 7º ano tinha morrido de cancro. Porra, como é que um miúdo de 12 anos morre assim?? E explicar-lhe (ela anda numa escola católica....) porque é que Deus quis que o Afonso fosse mais cedo, quando era um exemplo até para os professores, pela garra, pelo "never give up"??
Intensidade. Passa a correr. E esquecemo-nos do que nos faz bem. De ir ver a Lua gigante, não porque é a maior em sessenta e tal anos, mas porque brilha todos os dias para nós. Até influencia marés e nascimentos e mais não sei quê! Mas nós é que lhe passamos ao lado! Como em tantas coisas na vida.... No amor, por exemplo. O dos filhos. O dos pais. O da pessoa que escolhemos para partilhar o caminho/carinho connosco. Faço e farei sempre questão de perguntar coisas tão simples como "estás melhor?", "chegaste bem?", "o que foi que disse o médico?". Mesmo que não o façam comigo. E porquê? Porque, quando chegar a segunda data depois do tracinho, vou saber que vivi como quis. E não mudarei porque "isto não é vida para ninguém. Deves fazer o que os outros te fazem." Por menos que isto se começa uma guerra. E não leva a lado nenhum.
Gosto de acreditar que o tracinho vai ter tanta coisa lá dentro de que me vou orgulhar quando vir tudo o que está entre uma e outra data. No preciso momento em que ouça um "está na hora". Até lá, por mais que só eu me magoe pela injustiça de haver um só lado, vou insistir. Never give up. Porque tem de haver resposta para a pergunta de ontem: o que é que Deus quer... Não é certamente que desperdicemos as datas com cenas que não interessam. Só que amemos o que somos, o que fazemos, que tenhamos muito gozo pelas pequenas coisas a que os outros não ligam. Até ao dia em que deixemos de as fazer ou dizer. Porque o tracinho é um intervalo entre 2 datas: como começámos algo e como a terminámos. E só a nós diz respeito. E ao Senhor lá de cima. A propósito: Dá um abraço apertado ao Afonso! Diz-lhe que os colegas e professores que tiveram a honra de o conhecer têm muitas saudades....
Sem comentários:
Enviar um comentário