sábado, 9 de maio de 2015

Tenho asas nos pés!

Um querido amigo lembrou-me uma música que, segundo ele, foi escrita para mim ou que, pelo menos, me descreve na perfeição: tenho asas nos pés.
Penso que é isso mesmo que se passa comigo! Qual Mercúrio, tenho umas sandálias com asas que me permitem voar de uns lados para os outros. E dar saltinhos.....
Sempre fui irrequieta e creio que não deixarei nunca de o ser. E a vida não facilita! Onde é que andas hoje, perguntam-me tantas vezes.... E como esse deus, também trago comigo uma espada, com um infinito gravado no punho, aquela que uso para lutar diariamente contra....muitas vezes moinhos de vento. Arrasto comigo família, amigos, conhecidos, como diz o António M., porque o infinito da espada representa o que jamais esquecerei: quem importa lutar por ou quem são os que estão do meu lado. 
Só costumo dar-me a quem gosta de uma boa luta ou não tem outra forma senão fazer pela vida lutando. Há lutadores que ainda têm asas maiores que as minhas. Não páram. Os saltos que dão impressionam-me pela extensão. Geralmente são os que menos se queixam, que dizem levar a vida que gostam, que estão 5 estrelas....mas que eu conheço como poucos e por quem sinto que devia ter umas asas ainda maiores (nos braços e não nos pés!). Para os apertar forte e dizer que podem baixar a guarda. Ser corajoso sempre cansa até os heróis. (Deixa-te ficar aqui debaixo das minhas asas. Por uma vez que seja. Estas não me permitem voar. Não me levam a qualquer outro lado que não o teu.)
O fogo de Mercúrio tenho-o na alma, no corpo, no coração....e na língua! Para não permitir que a chama se apague e acabe o combustível das asas...as dos pés, para andar sempre de um lado para o outro, as da imaginação, para acreditar que o amanhã é melhor que o hoje, as do coração para amar cada vez mais e melhor. Confesso que por vezes me apetece descalçar as sandálias e andar com os pés no chão, sem saltinhos e no mesmo local. Mas não faço greve, os meus horários de vôo são intermináveis e ainda acumulo funções como comissário de bordo. Para lembrar aos meus passageiros onde são as saídas de emergência, ou como apertar os cintos de segurança ou insuflar os coletes.... 
Sei que um destes dias chego ao destino deste avião de longo curso que me colocaram nas mãos (pés??) para tripular. E que entrego a outro piloto os comandos, a um que goste ainda mais que eu de guiar outros até chegarem onde quiserem. Ou que decidimos, à vez, quem é que leva o aparelho naquele dia. Aí, damos descanso às asas e planamos, admirando a paisagem que ajudámos a criar. Sempre com fogo cá dentro, que eu não gosto nada de coisas mornas. A luta sem corpos ofegantes, sem o poder repousar a cabeça no fim do dia com a felicidade estampada no rosto, é somente uma espécie de guerrazita. Connosco mesmos e contra moinhos de vento. Pode ser importante por vezes, mas sendo sempre, leva qualquer um ao desespero. Com asas grandes ou não. Com espadas poderosas ou não. Até o maior dos guerreiros tem de poder chegar à sua casa, ao que sempre o espera de colo pronto para se aninhar. Até mesmo um grande piloto encosta o avião e diz "em manutenção, agora só preciso do meu (minha?) mecânico para ficar pronto para outra viagem". 
Tenho asas nos pés e nos dedos das mãos. Já me voltei a deixar levar para longe....mas sempre com o pensamento bem pousado num mesmo local. Onde posso descansar as minhas asas...

P.S: hoje por acaso até nem consigo levantar as pernas....mas é só mesmo hoje!

Sem comentários:

Enviar um comentário