segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sobre a saudade

Ah, a saudade, esse sentimento tão português (e que é só nosso!), que não cabe no coração. Quando extravasa, escorre pelos olhos ou torna-se um enorme sorriso.
Desperta-se ao mais pequeno som, imagem ou cheiro. Alimenta-se das memórias que insistimos em ter, mais escondidas ou mais às claras.
É no momento que mais saudades temos que nos lembramos da falta que alguém ou algo nos faz. E ela aumenta de tamanho e importância até se tornar quase insuportável.
Sentir muitas saudades deve querer dizer que vivemos muitas coisas boas, certo? E que gostaríamos de voltar a tê-las de volta, sim? Nem sempre: por vezes o melhor é deixar lá no coração as memórias e construir novas. Mais avassaladoras, a partir das que já temos, assim uma espécie de "vida parte II" e que nos garantem que estamos a retomar a partir do momento em que parámos.
Mas a saudade, porque vive no coração, é, como ele, irracional. Sentimos porque sim, e ponto final. Coitado do cérebro, a querer processar os acontecimentos, a compartimentá-los, e vem a outra, a saudade, e obriga-o a sentir as coisas como se elas estivessem aqui presentes. E é uma sensação tão boa, essa de relembrar o que nos fez (e ainda faz) tão bem. Geralmente a última palavra é dela: mesmo que estejamos horas a pensar ou a falar sobre o que sentimos, no final fica o sorriso....ou a lágrima. 
Estes é que são os bons momentos, os que ficaram lá atrás e que ainda nos despertam as sensações inesquecíveis, mas vêm aí alguns ainda melhores: chamam-se presente e futuro. Serão eles que nos permitirão criar novas saudades e alimentar essa personagem insaciável. 
Eu até gosto dela, da saudade, é parecida comigo (já tinham saudades deste Ego, hem??): inesquecível, única, avassaladora e irritante, por vezes (como eu!).
Tenho tantas saudades.......e mais não digo!!

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