quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Vida e morte

Acho que tinha prometido a mim mesma não falar de coisas tão sérias como a vida e a morte.
O que de mais sério existe, de facto. Porque apenas estas 2 situações não existem uma sem a outra. 

Da vida falo muitas vezes, meio em jeito de brincadeira, meio a sério. Mas a morte tem sido um tema que não abordo. Não por receio, somente porque acredito que a vida é que se deve celebrar. Se bem que uma das minhas mais fortes crenças é que se vê a cultura de uma pessoa, de um povo, pela forma como lida com a morte, como trata dos seus mortos.
Não vou entrar na ideia de que quando se morre, pronto, não há mais nada. E só não o faço porque fica para uma próxima vez: é tão polémico que dá pano para 3 ou 4 posts.

Vive-se um dia de cada vez e também acontece morrermos todos os dias um bocadinho. 
Por coisas parvas e por outras mais sérias. Doenças aberrantes como aquela-cujo-nome-não-se-pode-mencionar, ou a estúpida da depressão, tão silenciosa quanto destruidora de vidas, daquela de quem dela padece e dos que à volta dela não sabem o que fazer. Porque não há o que se possa fazer. Não se diz "sai dessa" e já está. Nem se vai lá com coragem ou sozinho. É necessário ajuda. Como na vida.......
Tem morrido tanta gente agora, diz-se. Não é verdade: morre sempre imensa gente mas acontece-nos, por não estarmos a ir para novos, que nos começa a parecer coincidência a mais e começamos a recear que o tempo escasseie. E será que esse pensamento nos leva a mudar alguma coisa na forma como vivemos?? Vezes de menos, digo eu.
Quando o António Feio morreu, começou a ouvir-se e ler-se muito uma frase que ele dizia: "Se as pessoas começarem a parar por um momento para olhar para casos como o meu, ou, simplesmente, para a sua própria vida com olhos de ver, talvez comecem a relativizar os seus próprios problemas e possam perceber o que de facto vale a pena na vida. Talvez assim a consigam aproveitar melhor. Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros!!”.
E eu subscrevo. Porque andamos com sentimentos mesquinhos, porque nos esquecemos do que realmente importa, porque dizemos vezes de menos "amo-te" e não o demonstramos. Porque a vida acontece e nos esquecemos de a viver. De rir, dançar e cantar como se ninguém estivesse a ver, de nos divertirmos sem imaginar o que é que os outros vão pensar. Porque se queremos, vamos atrás, não esperamos que aconteça. Quando a morte aparece, de foice na mão, não nos pergunta: olha lá, fizeste tudo o que quiseste? Disseste a todos os que querias o quanto gostas deles? Perdoaste a todos os que te fizeram mal (porque o 1º a perdoar e a esquecer é o mais feliz!) e pediste desculpa a todos os que magoaste? Não?? Ah, então pronto, toma lá mais 2 dias e vai tratar do assunto. 
Ver morrer quem gostamos é uma merda (pardon my french...) mas ver quem amamos desperdiçar a vida ainda é mais merdoso. Sobretudo quando somos nós e não nos apercebemos. 

Se calhar, mais valia ter ficado sossegada com a ideia inicial de não tocar em assuntos tão sérios, hem??

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