quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Tempo é o que fazemos com ele....

Nunca fui muito fã de ficção científica, mas fui ver com curiosidade o filme Interstellar. 3 horas de pura sensação "fiquei-colada-ao-ecrã". 
Partes fabulosas, de um silêncio tão profundo que ninguém se atrevia sequer a comer pipocas. Deve ser isso que se sente no espaço: nada, nem um som!
Mas o mais impressionante, para mim, foi a história do que podemos fazer com o tempo, se este é contínuo ou é possível saltar e pairar entre espaços temporais. Não quero estragar a surpresa a quem não viu ainda o filme, mas dei por mim a pensar que somos mesmo tótós quando pensamos em buracos negros: aparece um e caímos. Sim, para onde???? É mais ou menos como a teoria da Terra é plana: se fores ao Cabo Bojador, dás a volta e cais. Sim, para onde?, pensaram os valentes tugas. E assim se desfazem mitos. 
O espaço é infinito, não cais para lado nenhum, andas numa espécie de relógio gigante em que acertas tu a hora para onde queres saltar. Caramba, gosto tanto desta ideia! É assim uma espécie de reencarnação, live it all again, sem ter de passar por aquela cena chata de falecer. (é tão difícil querer escrever sem revelar o final.....vão lá ver o filme pá!)

Mas isto traz-me a memória da mensagem principal que eu retive (se calhar percebi tudo mal.....): o amor é a única coisa capaz de atravessar o tempo. Não é bem um arranja-se-sempre-tempo-para-o-amor , é mais um estar-tanto-tempo-sem-o-amor-e-ter-a-certeza-que-existe-e-que-nos-aguarda. É assim uma espécie de ver aquela pessoa a sorrir para nós no final do dia, ainda que não tenhamos estado juntos pr'aí há uns 300 anos, e saber. Que atravessamos galáxias para a reencontrar. Que nos penduramos num black worm (não é um black hole.....) e escolhemos voltar a uma época passada ou ir ao futuro só para a revermos, para voltarmos a ter aquela sensação única e indescritível. 
O amor deve ser aquilo que se faz com todo o tempo que temos. O que sentimos pelo que fazemos, pelos nossos filhos, por aquela pessoa que nos leva a atravessar o espaço inteiro. O que colocamos em tudo o que fazemos, ou nem vale a pena começar. O amor, tal como o tempo, não se pode desperdiçar, deve ser intensamente vivido. E ter o amor ali ao lado é como estar no espaço: no air, the only sound around us is the one we make, there is always a star nearby. 


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