domingo, 11 de janeiro de 2015

O plano

Há dias convidaram-me a ver o filme Agentes do Destino (The Adjustment Bureau) e comentei "este fim de semana, vejo este fim de semana". E vi. 
O que seria um filme de ficção e romance tornou-se numa revelação. Ri-me um bocado em certas partes, porque me revia a mim e a certos eventos da minha vida, das vidas de cada um de nós.
A quem não viu, as minhas desculpas por revelar o filme, mas no fundo se virem o trailler está lá quase tudo. Existe um destino, e gente que se encarrega de fazer com que o sigamos. Mas também o livre arbítrio, aquilo que nos é entregue para fazermos o que quisermos da nossa vida. Como se esta fosse mesmo um livro em branco para o futuro. Para sermos e fazermos o que entendermos, sem pensar nas consequências.
Isto é muito bonito, pensarão, para quem não tem responsabilidades! E se nos atrevermos a ser inconsequentes, uma vez que seja?, digo eu. Pode ser que lhe ganhemos o gosto porque sentimos que algo ou alguém tem mesmo de ser. Faz sentido, não porque está no "Plano" mas porque nos sentimos bem, porque ficamos felizes. Quebramos as regras, é certo, mas duvido que o Chairman nos queira "formatados ao Plano". Acho que Ele ou os seus obreiros nos meteram isso na cabeça. Que temos de agir como é esperado. Que o que o coração ou o estômago sentem, que o brilho nos olhos e o sorriso nos lábios têm de ser apagados em face da agenda que trazemos.
Treta! Enorme treta! Aprendemos todos os dias com o que nos vai acontecendo. Nem sempre conscientes, mas há eventos ou pessoas que, de repente, nos levam a sair da matriz, do Plano. E a pensar que o que aconteceu, que tudo o que criticámos ou dissemos que não faríamos jamais, é o caminho que nos leva a saber como agir hoje. A não censurar. Simplesmente a fazer o que, quando e se nos dá prazer. Não é porque parece mal aos olhos do outros, ou porque vamos abrir uma porta que está condenada ao fracasso ou, pior ainda, a levar a que outros não sigam o seu "caminho", que devemos deixar de o fazer. Porque os outros também têm o seu livre arbítrio.

Acho que foi isso que este Agente me trouxe. Uma convicção que ontem mesmo tive, à noite, depois de pensar nos reencontros que o dia me trouxe. Não me arrependo de nada do que fiz na vida e não quero jamais arrepender-me do que não fiz. Permito-me a ser irresponsável, ainda que sempre controlada, pois claro. Livre arbítrio costuma vir com uma consciência. Do que está mal, de onde se traça o limite. Ainda que me apeteça mandar esse limite ir apanhar no.....(acho que perceberam!). 
O limite usa um chapéu. Que nos serve para atravessar as portas para onde queremos, mas também nos mostra o que está para lá desse espaço, o que acontece se o ultrapassarmos. E o que está lá são todos os outros. 
Conheço o mundo perfeito. Já lá estive. Tem companhia, não se pense que estamos lá sozinhos! Para entrar lá, só é preciso que me sigas, que me dês a mão e que digas que vens comigo. Que confias em mim e que o que quer que seja que está por detrás da porta não nos vai limitar. Não vamos deixar de ser o que quer que seja que estamos "traçados no Plano" para ser, só porque decidimos seguir-nos um ao outro. Até porque talvez seja esse o Plano all along: fazermos um caminho em que nos mostram "a luz" uma quantidade de vezes, para fazermos um desvio ao mesmo, e só quando decidimos que o não vamos seguir mais é que começamos a ser o que está previsto. Grande confusão, pois sim! 

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