quinta-feira, 2 de abril de 2015

A alma carregadinha

Trago sempre a alma carregadinha. Uns dias de coisas boas e outras nem por isso. Branca de pureza ou vermelha de raiva. Com maior ou menor vontade de virar a mesa.
Dias que começam logo mal (estas IC19 e 2ª Circular já mereciam um prémio das estradas mais azaradas e com condutores mais azelhas que existem. Dois dias seguidos com acidentes despropositados....com domingueiros, só pode!) e que não parecem vir a tornar-se melhores. Mas que custam menos a passar se, lá pelo meio, algo lhes mostrar um sorriso. Um nascer ou pôr do Sol em pleno dia. 
Aquelas pequenas coisas que nos deixam a alma lavada, em paz, intranstornável....ainda que o raio das pessoas tentem. Uma espécie de chocolate recheado de caramelo, que engorda o nosso bem-estar com a vida. Que dá mais 2 ou 3 kgs à alma.
Claro que há lá umas nuvens a ensombrar o dia, mas a noite cai e até a temperatura colabora e, de repente, é Verão lá fora e cá dentro do peito. A alma ganha uma corzinha, uns tons de vermelho que se vão tornar num lindo dourado não tarda. E paramos para pensar no resto. No que não interessa nada e no que significa o mundo para nós. Recarregamos a alma, como se de um pré-pago se tratasse e fosse Santo Dia de Receber.
Quanto tempo dura? Depende das chamadas que temos de fazer ou as que fazem a cobrar.... A minha alma está mais ou menos carregada. Em estilo de Páscoa: sente-se ressuscitar. Porque chega de vinagre nas feridas, de chagas pelo corpo, de espinhos e lanças que nos espetam. É tempo de mostrar aos crentes e aos desconfiados que chega o dia em que a luta chega ao fim não porque desistimos mas porque algo superior nos impele a renascermos. Não das cinzas, como a Fénix (de que tanto gosto e em que me reconheço dezenas de vezes), mas da poeira que existe no Mundo. Aquela levantada pelos mesquinhos, incansáveis demolidores de almas.
Ainda tenho de sair da cruz, mas já vi dias piores. A paixão não me falta, vamos lá ao que interessa. Cair, levantar, recomeçar tudo se for preciso. Ressuscitar o que tiver de ser. Para a alma se tornar cada dia mais carregada somente do que interessa. Com acidentes e nuvens lá pelo meio, mas com um Sol fantástico sempre. Aquele que nos deixa enebriados de calor, beleza, paixão mesmo. Que eu gostaria de capturar no fundo dos meus olhos (tê-lo só para mim, que eu sou muito ciumenta...). Onde guardo demónios mas especialmente boas sensações.
Venha Domingo, o dia do Sol e o que calhou para eu nascer naquela semana há uns aninhos atrás.... O da minha alma, que gostava pudesse encher-se só de vermelho paixão e branco esperança. De que isto vai dar a volta e ficar tudo bem. Ou não fosse a minha uma alma que não se entrega....

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