domingo, 21 de setembro de 2014

O mais perturbador de todos os sentimentos

Impotência.
Um dos filmes mais perturbadores de sempre para mim é "The fault in our stars" (A culpa é das estrelas). Porque traz, do princípio ao fim, o mais cruel e perturbador dos sentimentos: a impotência para se mudar o que quer que seja que está "escrito nas estrelas". Não é o destino, que esse não é cruel. É o que se (não) consegue fazer para que, no final, fique tudo bem.
Já passei por algumas situações em que o fdp do cancro (uma delas demasiado perto de mim) achava que levaria a melhor. Acredito que não chega somente ser optimista (ajuda, mas é só isso), nem fazer os tratamentos todos certinhos, nem rezar com a crença de que Deus vai saber guiar a mão do médico que vai operar ou da enfermeira que ajuda na quimio/radio/diabo-a-sete que inventaram para lutar com este demónio que não escolhe idades, credos, raças, mas que geralmente sabe bem se a pessoa é ou não um fdp ainda maior que ele. A esses, ele passa, geralmente, ao lado. É preciso que não seja esse o "caminho traçado nas estrelas".
Perturbador é pouco. Deixou-me mesmo de rastos. Eu sabia que não devia assistir (porque tinha lido o trailler) mas quando me ofereceram a banda sonora (não sei se já vos disse aos 2, mas adorei.....está em modo repeat no leitor de CDs do meu carro) foi mais forte que eu. Porque as músicas escolhidas para ilustrar a história só podiam significar que esta é especial.
Leva-nos a querer ir a correr doar medula, fazer um donativo à Acreditar, ou, simplesmente, agarrar nas pessoas que amamos e colocá-las dentro do nosso peito para ficarem ali para sempre, protegidas.
Há infinitos que são maiores que outros. Parece um paradoxo, mas não é. Há coisas que são infinitas para nós mas uma delas é o maior dos infinitos. Chama-se VIDA, acontece-nos todos os dias e é o melhor que temos. Poucas vezes é o que sonhamos, mas é somente porque a vida não é um poço de desejos (uma das melhores frases do filme). 
Sonhar, desejar, amar, beijar, rir, sempre como se a vida fosse mesmo infinita. Deve ser o melhor remédio para se viver eternamente. Não sei bem se a minha vida é um infinito ou um simples 8 gigante (é algo do género, não é John Mayer?) mas sei que, nela, algumas coisas são infinitas. Mesmo que não o esteja sempre a dizer. Mesmo que devesse fazê-lo mais vezes. São essas que ficam para sempre em mim, que me devoram o pensamento. Como mensagens que não apaguei e que vou lendo uma e outra vez. Muitas vezes, esboçando um sorriso. Noutras, com lágrimas enormes.
Se ainda não viram o filme, não vejam. Ou melhor, vejam. Que vos fique a memória, nem que seja por mais um bocadinho depois da história terminar, que somos impotentes para lutar contra o que "está escrito nas estrelas" mas que a culpa não é delas quando nos esquecemos de fazer o que está ao nosso alcance. É somente nossa. Antes que chegue o grande infinito talvez seja melhor começarmos a fazer mais e a pensar menos.....

1 comentário:

  1. Li o livro agora nas férias e arrepiei.me... deixaste.me curiosa agora quanto à banda sonora. Saudades

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