sábado, 18 de outubro de 2014

Para sempre

Li hoje um texto de Gabriel García Márquez que me fez sentir como se a minha alma, de repente, tivesse pegado em papel e numa caneta e desatado a descrever-se. 
"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente para me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias, caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crer que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre.""
No meu último post falei do nunca, agora aparece-me aqui o "para sempre". Acredito mais no forever do que no never. "Nunca" é demasiado definitivo, tem uma carga demasiado pesada. "Sempre" é a esperança. O querer acreditar. Que sim, que vai ser eterno..........pelo menos enquanto durar!
Para sempre é amor de mãe. Para sempre é amor de irmã, aquele que sinto pelo meu baby brother. Para sempre é a minha crença em dias melhores (chamam-se sábado e domingo.....). Para sempre é que comigo ou é tudo ou não é nada. Pessoas água com açúcar podem ajudar se temos azia, mas só mesmo aí. Porque as pessoas, para mim, querem-se com picante, pimenta na língua se tiver de ser, mas com fogo na pele, no coração.
Para sempre é a paixão pela vida, porque havendo outra a seguir ou não (está para breve, prometo que falarei desta coisa das muitas vidas noutro dia em breve....) é nesta vida que tudo tem de acontecer. O bom e o mau. O amor e o ódio. A sede, a fome e a saciação. O querer.....e o querer ainda mais. A certeza e a dúvida. A alegria e o choro. Para sempre é sentirmos que entregámos tudo nesta vida: sangue, suor, lágrimas, pele, saliva......que repetiríamos tudo de novo, sem mudar uma vírgula, porque não seríamos os mesmos de outra forma. Que poderíamos ser mais assim ou mais assado, porque para sempre é acreditarmos que podemos superar-nos. 
Para sempre é o sonho. Não é outro qualquer bolo, é mesmo o sonho. Aquele que nos acorda às 4h00 da manhã e nos mantém alertas a pensar o que raio quererá dizer. E aquele que temos de olhos abertos, que nos esboça um sorriso. Aquele que nos leva a enfrentar uma fila de não-sei-quantos-crentes-de-que-é-a-mim-que-vão-sair-os-162-milhões só para entregar a aposta. Só para que tudo melhore para sempre.
Para sempre é termos prazer no que fazemos, no que vivemos, mesmo que implique andarmos a 1000 à hora, a tentar manter os pratos em equilíbrio, como um malabarista. É isso que nos permitirá vivermos para sempre na memória futura de quem nos conhece e gosta. Porque para sempre é não nos resignarmos, é sabermos que estamos no limite das forças mas, mesmo assim, descobrimos mais aquele bocadinho de energia que era preciso.
Para sempre é esta minha imaginação, inquietação, desassossego. Se estiver muito quieta, ou já a fiz, ou estou para fazer, assim mesmo, tal e qual a miudagem!
Para sempre............é o que quisermos acreditar. Enquanto acreditarmos será para sempre. 

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